quinta-feira, 13 de março de 2008

Albardas Rolantes

Caros leitores, as minhas mais sinceras saudações com giletes de aço na boca.
Peço desde já perdão pela minha aparente ausência, mas este blog é tão fraquinho que nem eu, colaborador e um dos criadores do mesmo, me sinto tentado, também por alguma vergonha, a escrever qualquer coisa (até mesmo dizer mal dos meus colegas). Peço também desculpa pelo meu uso intelectual das vírgulas, visto que, em homenagem ao Mercuriocromo, deixei de usar abusivamente os parêntesis. Peço igualmente desculpa pela extensão excessiva deste texto, mas uma pessoa excita-se a escrever estas coisas e depois não consegue parar... meus meninos, se não querem também arruinar a vossa vida, parem de ler já e virem as costas a este espaço degradante. Felizmente, está praticamente comprovado que os leitores deste blog são pessoas que procuram o suicido através da leitura.

Passemos ao que interessa, que na verdade não interessa nada. Novamente, é um facto que acredito que os nossos leitores fieis («risos») gostam de assuntos sem interesse. Aliás, outra coisa não seria de esperar de um blog igualmente sem qualquer interesse (como já referido em cima, mas nunca é demais frisá-lo).

O que me traz aqui são dois assuntos que me atormentaram nos últimos tempos. Também é verdade que qualquer coisa me atormenta, mas como o meu Alzheimer já vai um pouco avançado, só me lembro das mais marcantes.

Um dia, ao sair da estação da CP (passo a publicidade, já que preciso do dinheiro das comissões para comprar ananás em calda), e deparando-me com as escadas rolantes de acesso ao exterior da plataforma , em que ambas as escadas de subida e descida estavam desligadas, observei um dos maiores actos de "neurose obsessiva universal" (Freud) de sempre. Olhemos para os factos: um comboio cheio, uma carrada de seres denominados humanos a saírem em debandada, e duas escadas rolantes absolutamente paradas, em igualdade homogénea e em harmonia perfeita. Para onde se dirige a massa uniforme de pessoas? Dirigem-se todas, mas mesmo todas, para a escada que é suposto estar a descer. No entanto, está parada, tal como a sua vizinha que, só por acaso, só servia de meio de deslocação para as moscas. Mas porque raio é que aquele amontoado se foi esmagar lentamente, degrau a degrau, numa procissão dolorosa e apocalíptica? Não sei, mas é giro de se ver... principalmente quando descemos pela escada vazia e chegamos cá abaixo mais rápido e sem levar um soco no abdómen, um pontapé na virilha e uma cabeçada nos dentes das pessoas que estão à nossa volta na escada da morte. Afinal de contas, aquilo era quase um moshpit. O mais engraçado é que, e digo-o mais uma vez, a escada ao lado estava vazia.

Vou passar agora ao assunto seguinte, mesmo sabendo que metade de vós já deve ter cometido o suicídio.

No outro dia, um dia como tantos outros, fui convidado a apreciar, ao meu almoço, uns chocos "albardados". Ok, pronto, não fui convidado... até porque ninguém estava a comer aquilo. Quanto mais não fosse pelo nome da coisa, eu tinha que deitar as minhas dentuças naquela iguaria. Mas vocês perguntam-se: mas uma albarda não é aquela cena que os burros carregam às "costas" (sim, porque os burros não têm costas... costas tenho eu, e por sinal até são bem definidas e sensuais)? Então porque carga de água é que um choco frito está relacionado com uma albarda? O choco não é um burro, o choco não é montado pelo homem e o choco não carrega albardas! O choco vive no mar e no mar não existem albardas... e se existissem ficavam molhadas! Uma albarda é muito grande quando comparada com um choco de tamanho médio. Para isto tudo ser considerado verdadeiro, seria preciso supor a existência de mini-albardas ou mega-chocos. Eu sei que sou parvo, mas nem eu caio nessa estupidez. Bem, eu vou deixar de "meta-albardar" (falar sobre albardas) antes que metam o vosso bebé numa trituradora.

Por fim, deixem-me só esclarecer o porquê da junção intima destes dois temas. Pois bem... o que o Senhor juntou não pode ser separado. Evidentemente, não estou a falar do homem e da mulher nem do homem e do cavalo (Banif). Não há nada tão inseparável como umas escadas rolantes e uns chocos albardados. É como unha e carne, se bem que eu já tive uma unha de estimação e não tinha carne agarrada.

Passem bem. Amén.

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